Após criticas, Ministério da Saúde recua e volta a divulgar mais cedo dados sobre Covid
- Raul Maia
- 9 de jun. de 2020
- 2 min de leitura
BRASÍLIA, 8 Jun - Após críticas de falta de transparência feitas por autoridades do Congresso, do Judiciário e de especialistas, o Ministério da Saúde recuou de decisão anteriormente anunciada de divulgar somente às 22h os dados de novos infectados e mortos por Covid-19 no país e retomará a apresentação das informações consolidadas diariamente mais cedo, por volta das 18h, anunciaram autoridades da pasta nesta segunda-feira.
O presidente Jair Bolsonaro chegou a ironizar e defender na semana passada a divulgação dos dados às 22h para "acabar com matéria no Jornal Nacional", numa referência às reportagens do telejornal de grande audiência da Rede Globo. Bolsonaro tem sido forte crítico da cobertura da imprensa durante a pandemia do novo coronavírus.
Em entrevista coletiva no Palácio do Planalto, o secretário-executivo do ministério, Élcio Franco, negou que o presidente tenha ordenado a mudança de horário na divulgação dos dados.
"Não houve interferência de ordem alguma neste trabalho, que é um trabalho técnico", disse.
Segundo o secretário, a apresentação dos dados às 18h foi acertada com as Secretarias de Saúde dos Estados, que terão de encaminhar suas informações ao ministério até às 16h para que a pasta faça uma consolidação.
Nesta segunda, o Brasil registrou 15.654 novos casos de coronavírus, totalizando 707.412 infecções, e mais 679 mortes, somando 37.134 óbitos em decorrência da Covid-19. Esses dados foram inicialmente divulgados por uma plataforma criada pelo Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde (Conass) depois que o Ministério da Saúde mudou a forma de divulgação dos dados da pandemia.
Contudo, durante a entrevista coletiva no Planalto, o próprio ministério atualizou seus dados, que ficaram iguais aos do Conass.
Os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, criticaram mudanças feitas na forma de divulgação dos dados.
Durante a coletiva, Elcio justificou também a mudança com o argumento de que ela vai permitir uma melhor forma de comunicação dos dados e que o objetivo é atender melhor ao gestor de saúde. Segundo ele, a forma anterior era mais baseada no viés epidemiológico da transmissão do vírus.
Destacou ainda que a nova metodologia a ser implementada deve acabar com os picos de notificação de mortes que ocorriam geralmente no inicio das semanas, quando havia o carregamento de dados represados de sábado e domingo.
"A gente não está minimizando nem querendo colocar nenhum tipo de questão de óbitos. Pelo contrário, a gente quer comunicar da melhor forma possível", disse o diretor do Departamento de Análise de Saúde e Vigilância de doenças não Transmissíveis do ministério, Eduardo Macário, também presente à coletiva.
Na nova metodologia de divulgação de dados, os Estados que não repassarem informações até às 16h, horário de Brasília, ficarão sem novas informações atualizadas no respectivo dia, sendo incluídas no dia seguinte. Nesta segunda, por exemplo, isso ocorreu com Alagoas e Santa Catarina.
A intenção da pasta, com as alterações, é fazer um trabalho focado na dia da ocorrência do óbito e não da sua notificação.




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